terça-feira, 15 de novembro de 2011

 
Se você acha que lavar o carro com cera no posto é suficiente para manter a pintura em perfeito estado, é porque tem muito a aprender sobre o assunto. Os cuidados com a lataria vão do tradicional enceramento ao local onde o carro pernoita e até mesmo antes da compra do carro, na hora da escolha da cor. “Pinturas sólidas tendem a queimar mais rapidamente. Isso porque as metálicas têm pó de alumínio e as perolizadas, cristais de quartzo. Esses elementos ajudam a refletir a luz solar e sujeitam o carro a menos raios ultravioleta do sol, um grande vilão da pintura”, diz Reinaldo Nascimbeni, supervisor de serviços técnicos da Ford.
Assim, se você não tem garagem coberta em casa ou no trabalho, compensa gastar um pouco mais para ter um carro com pintura mais resistente às intempéries. Para quem tem de estacionar sempre na rua, cuidado com árvores ou fios, que costumam atrair pombos. “Fezes de pássaros, infiltração de prédios, resina de árvore e sabão com soda cáustica, entre outros, agem diretamente na superfície da pintura, deixando-a com baixo nível de brilho e uniformidade”, afirma Marcelo Pereira, especialista do serviço técnico de reparação automotiva da 3M do Brasil. Outro veneno são papéis e folhas de árvore sobre a lataria, que podem entrar em putrefação e gerar ácidos que corroem a pintura. A recomendação, nesse caso, é uma só. “Fezes de pássaros chegam a arrancar o verniz. Se o carro for atingido por alguma, tire-a da pintura assim que puder. Nunca a deixe secar”, diz Nascimbeni.
Infiltrações em prédios também são perigosas, porém mais fáceis de remover. “Se não conseguir limpar o carro antes de as gotas de infiltração secarem, pode pingar vinagre ou limão sobre a mancha e esperar agir. O ácido reage com os restos da mancha e forma um sal que é fácil de remover. Faça isso até eliminar a mancha completamente”, afirma o supervisor de serviços técnicos da Ford. Mas tenha muito cuidado. “Tudo deve ser feito sempre à sombra, para não causar queimaduras graves na pintura ou na pele”, diz Hideo Carlos Matsui, engenheiro químico da Poly Epoxy, que produz os produtos AutoShine.
José Palacio, auditor do Instituto da Qualidade Automotiva (IQA), lembra outros perigos da pintura. “Cuidado com a gasolina. Se cair sobre a pintura, deve ser lavada imediatamente. E lavagem com sabão ou detergentes em geral, sob sol, queima a pintura”, diz. Receitas caseiras, como óleo de mamona, querosene e produtos com solvente, também são um veneno. “Se deixados por algum tempo sobre a pintura, podem ocasionar manchas ou defeitos, além de remover a cera aplicada para proteção”, afirma Pereira.
Para lavar o carro, o correto é usar um tipo especial de sabão. “Recomendamos só lavar com xampu neutro, pois não possui nenhum componente químico que prejudique a pintura”, diz Marco Pacheco, diretor de pós-vendas da Chevrolet. Há outro vilão que parece inocente, mas que ataca discretamente em regiões de trânsito pesado: a chuva. Subproduto da queima de combustíveis fósseis, o enxofre fica no ar. Quando chove, forma-se o ácido sulfúrico. “Chuvas ácidas devem ser lavadas logo em seguida”, afirma Palacio.
Para não entrar em uma obsessão por limpeza, o que se recomenda é lavar o carro toda semana, encerando- o quando necessário. Mas como só isso pode não ser suficiente, veja no texto abaixo outros métodos para garantir uma boa aparência do seu carro.

PROTEÇÃO SOB MEDIDA

Enceramento.

é o procedimento mais simples de proteção da pintura. Com a aplicação de cera automotiva, cria-se uma camada que reduz a ação da chuva ácida, da oxidação da tinta ou surgimento de manchas por produtos químicos em geral. “Basta aplicar a cera sobre o carro e retirá-la. As duas operações devem ser feitas com o algodão, e não estopa”, diz Nascimbeni. O segredo para saber se o carro precisa ser encerado de novo é a mera observação. Em dias de chuva, se a água escorrer pela pintura, ela ainda tem cera. Se gotas ficarem agarradas em algum ponto, a proteção já começou a desaparecer. Só tome cuidado, pois algumas ceras atacam borrachas e peças plásticas, provocando seu ressecamento.

Polimento.

quando a pintura já está maltratada, só a cera não é suficiente. É preciso polir a carroceria. “Só deve ser feito em carros com riscos profundos ou pintura queimada. O processo consiste em usar massa de polir número 2, com politriz e boina específica”, diz Matsui. O polimento retira a menor parte possível da camada mais superficial da pintura, o verniz. Apesar de deixar a lataria com aspecto revigorado, o polimento não deve ser feito mais que três vezes durante a vida útil do carro, sob pena de retirar todo o verniz, apagando o brilho e reduzindo o nível de proteção. O polimento numa empresa especializada custa entre 190 e 300 reais.

Cristalização, espelhamento ou revitalização.

os nomes variam, mas o processo é o mesmo – aplicação de uma resina protetora sobre a pintura. As diferenças de nomenclatura se devem mais a motivos comerciais. O da 3M, por exemplo, é chamado de espelhamento: “É o nivelamento da superfície da pintura a fim de deixá-la uniforme, removendo qualquer defeito. É feito, na maioria das vezes, com uma lixa adequada e um processo com polidores, lustradores e cera de alta durabilidade que deixam a pintura com alto nível de reflexão de imagem e brilho”, diz Marcelo Pereira. Mais conhecida pelo nome de cristalização, algumas pessoas têm receio de fazê-la por causa de boatos de que ela danificaria a pintura. Como a cristalização quase sempre exige polimento para limpar e recuperar a pintura, sua aplicação constante pode remover as camadas de vernizou até a própria pintura. Porém nem sempre a cristalização exige polimento. Se a pintura já for bem conservada, basta apenas aplicar essa resina cristalizadora. Um dos pontos negativos da cristalização é que a presença dessa cera especial na carroceria atrapalha a repintura do carro. Os elementos que a compõem impedem a aderência ideal da nova tinta. Antes de fazer um serviço de funilaria, portanto, é preciso retirar toda a resina cristalizadora. A duração de uma cristalização seria em média de três a seis meses. Os preços podem variar de 180 a 800 reais, dependendo da região do país e de quem aplicará o produto.

XÔ, RODINHO!

Evite os flanelinhas que, nos semáforos, querem limpar o para-brisa. Primeiro porque você não sabe o tipo de sabão que é misturado à água que eles usam. Segundo porque, além de ressecar a borracha das palhetas, a mistura também pode se acumular e queimar a pintura, ainda mais sob o sol.

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